Privatizar a Petrobras? Consulte primeiro os generais de Bolsonaro
(Bloomberg) -- O candidato de direita e favorito das eleições presidenciais Jair Bolsonaro (PSL) virou queridinho do mercado em parte por defender grandes privatizações no setor de energia. Mas investidores podem segurar o entusiasmo.
Os planos estão sendo revistos num momento em que Bolsonaro indica generais para sua campanha. O capitão da reserva com histórico de apoio ao nacionalismo em votação como deputado no Congresso ou recentemente a defender a visão de que a exploração de petróleo e a geração de energia devem ser vistas também pelas lentes da segurança nacional. O deputado prometeu nomear até cinco generais para seu gabinete e oferecer às forças de segurança seu papel mais importante em décadas caso eleito.
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O risco para os mercados financeiros é que esses generais ganhem preponderância em um possível governo de Bolsonaro e deixem de lado seu principal conselheiro econômico, Paulo Guedes, que pressiona pelas privatizações da Petrobras e da Eletrobras. Os sinais conflitantes da campanha vêm tornando as ações das duas empresas muito mais voláteis do que o Ibovespa no período anterior ao segundo turno, em 28 de outubro.
Por seis meses, Guedes, um investidor formado pela Universidade de Chicago, reinou como a voz da campanha para política econômica. Um rompimento da relação de Bolsonaro com Guedes pode gerar uma reação no mercado, informou a Fitch Solutions em relatório.
"O histórico de votação de Bolsonaro no Congresso mostrou uma clara preferência por políticas nacionalistas e protecionistas que podem ser reafirmadas", afirmou a Fitch. "Um rompimento com conselheiros pró-mercado pode gerar uma mudança de direção significativa em termos de políticas."
Guedes começou a compartilhar a formulação do programa com militares, que reportam diretamente a Bolsonaro, após a vitória mais forte do que a esperada do candidato no primeiro turno, em 7 de outubro. Não demorou para o candidato começar a recuar.
Mudança de discurso
Em 9 de outubro, Bolsonaro, cujos comentários incendiários sobre raça e criminalidade mostram paralelos com Donald Trump, mudou o discurso em relação às Centrais Elétricas Brasileiras, como a Eletrobras é formalmente chamada. Em entrevista televisionada, ele mostrou preocupação com a possibilidade de a China comprar a empresa e expandir sua influência na maior economia da América Latina.
Além disso, afirmou que o "miolo" da Petrobras deve ser preservado, o que difere do discurso de Guedes em prol de uma privatização total.
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