Governo quer privatizar Casa da Moeda; será que é seguro? Veja 7 perguntas

O governo federal decidiu incluir a Casa da Moeda no pacote de privatização anunciado nesta semana. Será que é seguro deixar a emissão de todo o dinheiro do país nas mãos de uma empresa privada? Como funciona a emissão de dinheiro em outros países? Veja sete perguntas abaixo.
Como funciona em outros países?
Não existe um padrão em relação à produção do dinheiro no mundo. Em alguns países, como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Austrália, o dinheiro é feito exclusivamente em empresas públicas. Na Coreia do Sul, assim como acontece no Brasil, há uma única empresa estatal que produz tanto moedas como cédulas. Os norte-americanos, por exemplo, têm duas estatais: uma responsável por cunhar as moedas e outra, por imprimir as notas de dólar.
A fabricação de notas e de moedas em empresas separadas é o processo adotado na maioria dos países, segundo o estudo "Fornecimento de papel-moeda e moeda metálica: A experiência de outros países", elaborado em outubro de 2016 por Fabiano Jantalia, consultor legislativo da Câmara dos Deputados.
No Reino Unido, na Suíça e no Canadá, a produção do dinheiro é dividida entre estatais e o setor privado. As moedas são feitas por estatais, enquanto a emissão de cédulas é terceirizada para empresas privadas especializadas, como as britânicas Waterlow & Sons e a De La Rue.
Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia e Venezuela deixam a emissão de suas respectivas moedas a cargo de companhias privadas, que são escolhidas em processos de licitação. A Argentina tem uma casa da moeda estatal, mas, nos últimos anos, tem encomendado a produção de pesos argentinos à Casa da Moeda do Brasil porque a estatal argentina não tem conseguido dar conta da necessidade nacional.
Privatizar a Casa da Moeda não traria riscos de segurança?
Imprimir dinheiro em empresas privadas, ou mesmo em outros países, é um processo altamente controlado e seguro, na opinião de especialistas em numismática (ciência que estuda a história do dinheiro) ouvidos pelo UOL.
"As companhias especializadas em imprimir dinheiro seguem padrões de certificação mundial. Há um rigor muito grande no processo de fabricação, além de esquemas de segurança rígidos no transporte", diz Bruno Pellizzari, assessor da presidência da Sociedade Numismática Brasileira (SNB). "A empresa responsável pela emissão tem que seguir à risca todas as recomendações dadas pelo Banco Central."
Haveria risco de faltar dinheiro?
Embora considere o processo de produção do dinheiro muito seguro, Bruno Pellizzari vê riscos à soberania nacional ao se terceirizar a emissão para uma companhia privada. "Você deixa de ter o controle direto da produção. Qualquer problema que venha a ocorrer nessa empresa, o país corre o risco, literalmente, de ficar sem dinheiro. Isso pode ter implicações econômicas muito sérias. É uma questão que pode gerar discussões."
No entanto, Pellizzari afirma que o risco para o país seria maior se a produção ficasse concentrada no exterior. "Eu acharia preocupante ver todo o dinheiro sendo produzido em outro país. Se acontece alguma coisa nesse país, como fica o nosso dinheiro">var Collection = { "path" : "commons.uol.com.br/monaco/export/api.uol.com.br/collection/economia/noticias/data.json", "channel" : "economia", "central" : "economia", "titulo" : "Economia", "search" : {"tags":"22373"} };