Câmara perdoa R$ 54 bilhões de petroleiras, diz líder de fiscais da Receita
A Câmara aprovou uma medida provisória (MP 795) que perdoa R$ 54 bilhões devidos por gigantes do petróleo. O cálculo foi feito pela Unafisco (Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal), após analisar documentos da Receita Federal obtidos pela reportagem do UOL.
O valor se refere a tributos cobrados das companhias entre 1997 e 2014, cujo pagamento elas questionavam.
Leia também:
- Estudos apontam perda de R$ 1 tri em tributos após leilão do pré-sal
- Petrobras deve vender 1º petróleo de Libra, no pré-sal, a partir de janeiro
- Privatização da Petrobras: por que isso causa tanta polêmica?
O texto base da MP 795 foi aprovado pelos deputados na madrugada do dia 29 e seus detalhes, nesta quarta-feira (6), mesmo dia em que foi enviada para apreciação do Senado. A Medida Provisória está em vigor, mas perde sua validade em 15 de dezembro se não for aprovada pelos senadores.
Muitas empresas pressionam o governo pela aprovação da medida e ameaçam não os contratos que ganharam no último leilão –vencido por gigantes do setor como Shell, Total, BP e Statoil– para explorar blocos de petróleo no pré-sal. Elas afirmam que as regras tributárias devem garantir “segurança jurídica” para trabalharem no Brasil.
Estudos feitos por consultores do Congresso apontaram que, graças à mesma Medida Provisória, o país deixará de arrecadar R$ 1 trilhão em tributos em 25 anos. Essa informação foi divulgada com exclusividade pelo UOL em outubro.
Nota do governo revela outros R$ 38 bi perdidos
Depois da publicação da reportagem, a Receita e o Ministério da Fazenda produziram uma “Nota Executiva” contestando um dos estudos. Nessa nota, afirmam que as petroleiras têm R$ 38 bilhões em dívidas tributárias decorrentes do envio de dinheiro ao exterior. “A Receita Federal ou a contestar esse tipo de contrato e a autuar as empresas. Acumularam-se autos de infração da ordem de R$ 38 bilhões”, diz a nota, datada de 24 de novembro.
Esse valor, porém, não havia sido divulgado até então. A exposição de motivos [justificativa] da MP 795 falava apenas que haveria uma perda de arrecadação de R$ 11,14 bilhões. O débito das empresas de petróleo se refere ao período de 2012 a 2014.
Em entrevista ao UOL, o presidente da Unafisco, Kléber Cabral, disse que é preciso somar:
- as dívidas não pagas e que estão sendo perdoadas, no total de R$ 38 bilhões;
- o que as empresas pagaram e deveria ser devolvido, no total de R$ 11,14 bilhões;
- além de R$ 5 bilhões que o grupo Schahin foi condenado a pagar, mas ainda não pagou.
A soma dos três dá R$ 54,14 bilhões, o valor total perdoado pelo governo, segundo a Unafisco.
“Por que a Receita não informou esses R$ 38 bilhões na sua primeira nota">var Collection = { "path" : "commons.uol.com.br/monaco/export/api.uol.com.br/collection/economia/noticias/data.json", "channel" : "economia", "central" : "economia", "titulo" : "Economia", "search" : {"tags":"22373"} };