Alta do dólar só preocupa se puxar inflação, diz presidente do BC

Resumo da notícia
- Dólar acumula alta de 4,91% neste ano
- Para Campos Neto, valorização não está afetando inflação
- Corte de juros depende dos cenários interno e externo, disse
- Presidente do BC nega que saída de estrangeiros da Bolsa em 2019 tenha sido por causa de problemas de governo ou da economia
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou hoje que a recente valorização do dólar só preocupa se começar a afetar a inflação, puxando a alta de preços. Essa "contaminação", segundo ele, não está acontecendo. O dólar acumula avanço de 4,91% neste ano.
Em palestra promovida pelo banco Credit Suisse, em São Paulo, Campos Neto disse que a alta do dólar não tem relação com o risco Brasil e outros indicadores da economia brasileira.
Parte do aumento recente, disse, é efeito da curva de juros, ou seja, de projeções dos agentes de mercado para o comportamento dos juros no futuro.
"Esse movimento de câmbio foi muito diferente do que a gente viu no ado", disse. "Estamos em um ambiente novo."
Ele também classificou o aumento dos preços das carnes, desde o final do ano ado, como um fator pontual na inflação.
Taxa básica de juros
Para decidir se cortará mais a taxa básica de juros, a Selic, Campos Neto afirmou que está acompanhando de perto dados sobre a economia mundial e o ambiente geopolítico, no cenário externo. No cenário interno, avalia a inflação e o crescimento econômico.
"Eu ainda vejo uma volatilidade muito grande das projeções de crescimento", afirmou.
Ele destacou que há uma desaceleração da economia mundial, e que grande parte do crescimento está vindo dos mercados emergentes, especialmente da Ásia.
"Antes, a China queria falar sobre calçados. Hoje, eles querem 5G", disse, em referência ao leilão do 5G no Brasil.
Saída de estrangeiros da Bolsa
No ano ado, estrangeiros retiraram US$ 5,7 bilhões em ações do Brasil, no pior resultado desde 2008. O presidente do BC negou que isso tenha acontecido por causa de problemas de governo ou da economia.
Segundo ele, os estrangeiros estão satisfeitos com o ambiente no país, mas querem aproveitar a valorização de ações em outros mercados, principalmente na Ásia. Por isso, venderam suas ações e saíram do mercado brasileiro. Campos Neto destaca como positiva a entrada de mais investidores pessoas físicas na Bolsa, comprando as ações dos estrangeiros.
Fatia menor dos bancos no mercado
O presidente do BC defendeu o prosseguimento da agenda de reformas no ambiente financeiro, bancário e de mercados para que o sistema financeiro deixe de ser um gargalo da economia e contribua com o crescimento.
Ele citou a aposta da entidade em mudanças como o open banking e o pagamento instantâneo, para modernizar o mercado brasileiro e ampliar a competição.
Campos Neto também destacou o papel das fintechs para estimular a concorrência, reduzindo os custos da intermediação financeira, com maior o da população aos produtos bancários.
Ele disse acreditar que, no futuro, os bancos "provavelmente" não disponibilizarão todos os serviços que ofertam agora.
"Vejo uma coisa instantânea, interoperável e aberta" para a oferta de serviços financeiros, afirmou, citando, por exemplo, maior especialização e menor custo de intermediação financeira.
A expectativa de maior especialização, segundo o presidente do BC, aponta um futuro em que os bancos "não vão fazer tudo".
"No final, teremos uma torta muito maior, [mas] talvez os bancos grandes [fiquem] com um pedaço menor", disse.
Crescimento e setor imobiliário
No setor imobiliário, o presidente do BC destacou como positivas mudanças como a criação, pela Caixa, do crédito imobiliário com parcelas corrigidas pela inflação (IPCA.
Campos Neto disse também que a portabilidade de crédito imobiliário deve crescer para estimular ainda mais esse setor.
(Com Reuters)
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